Por Mônica Villela Assessoria
Uma instigante experiência sensorial e imersiva
Um projeto pioneiro e inédito: uma obra multimídia para crianças e adolescentes, construída na interseção entre artes visuais, performance, teatro, dança, documentário e música. Uma instigante experiência sensorial e imersiva que permite ao espectador tanto ocupar o ponto de vista da protagonista, como assisti-la em seu percurso. Assim é A Menina e o Pote, projeto híbrido produzido pela Jurubeba Produções, criado e dirigido por Fernanda Bond e Valentina Homem, que ocupará a galeria II do Oi Futuro Flamengo, a partir do dia 12 de junho.
A história de uma criança e seu grande pote
Inspirado no “Conto da Menina Amarela”, de Valentina, a obra narra a história de uma criança e seu grande pote, que um dia se quebra revelando um imenso vazio. Essa narrativa se desdobra em duas experiências artísticas que se interseccionam: uma instalação audiovisual imersiva, aberta ao público a partir de terça-feira, 12 de junho; e um espetáculo performático que acontece dentro da instalação, com as atrizes Helena Bittencourt e Nívea Magno, que também assinam uma colaboração na dramaturgia e a direção musical. Júlia Marini é a terceira atriz que assume o lugar de Helena Bittencourt nas duas primeiras semanas da temporada, com estreia em 16 de junho.
A Menina e o Pote é fruto de um processo de criação coletivo e intenso, que contou - durante cinco meses - com a participação dos diversos artistas envolvidos no projeto. O ponto de partida foi uma imersão de seis semanas que resultou na dramaturgia assinada por Fernanda Bond e Jô Bilac, com videoinstalação roteirizada por Valentina Homem.
A dramaturgia é construída na fluidez entre três camadas narrativas, que dialogam constantemente com o audiovisual: as atrizes ora falam como tal, ora como narradoras, ora assumem o lugar da menina e dos seres que permeiam a história. O fio condutor é o processo de transformação da protagonista, que se dá a partir da relação com a natureza e do encontro com as diferenças, principais forças motoras do seu percurso. A instalação imersiva se propõe a trazer a natureza para dentro do espaço expositivo, como um gesto simbólico de reflorestamento, utilizando materiais reaproveitados e tudo que excede em nossos sistemas de produção e consumo.
O espectador tem a sensação de estar penetrando em um organismo vivo
Visualmente, o percurso é construído a partir de imagens documentais e animações associadas a texturas e luz. Esses elementos são mapeados no espaço, de forma a criar uma unidade visual em constante movimento, dando ao espectador a sensação de estar penetrando em um organismo vivo, que ora é floresta, ora fundo do mar, ora o fundo do pote, o corpo da menina, o universo... A luz é assinada pelo Coletivo Corja, que também colaborou na concepção audiovisual do projeto.
A obra é como uma floresta de fragmentos mortos e sem cor - feita de lixo, sobras, descartes e restos industriais - que ganha vida à medida em que a projeção e a luz tomam conta de suas superfícies. A organização dos materiais segue a lógica construtiva da floresta, com seus padrões, texturas, repetições e propõe um novo entendimento sobre esses elementos: tudo um dia já foi vivo, tudo é natureza.
A projeção das imagens se relaciona narrativamente com a capacidade da menina de lembrar, imaginar... Ao se conectar com suas memórias, ela se torna capaz de projetar um futuro. E o universo natural que a constitui e a rodeia vai ganhando forma. A ausência de projeção traz a experiência do vazio, que se revela quando a imaginação cessa: o acúmulo, o lixo, o plástico, o excesso.
Música: um elemento central
Durante a imersão, foi criada toda a música da performance, que é executada ao vivo por Helena e Nívea, responsáveis pela direção musical em colaboração com a cantora Mãeana. As composições foram desenvolvidas a partir de improvisos, texturas da natureza, cantos tradicionais e contemporâneos com um pedal looper, que mixa sonoplastia e músicas, sempre desenvolvido a partir da voz e corpo. A música, um elemento central no espetáculo, funciona como um recurso para externalização e desdobramento da experiência da menina, seus sonhos, pensamentos, reflexões e medos.
Com direção de movimento da bailarina Laura Samy, a performance conta ainda com elementos de dança e circo. Todo o processo de criação foi permeado pela interlocução com os diretores de arte Tatiana Bond e Yoann Saura, responsáveis pela concepção e construção da instalação.
Mais informações
A Menina e o Pote
Temporada: de 12 de junho a 05 de agosto
Local: Oi Futuro Flamengo
End: Rua Dois de Dezembro, 63 – Flamengo
Rio de Janeiro – RJ
Tel: (21) 3131-3060
Site: http://www.oifuturo.org.br/
Instalação multimídia:
de 12/06 a 05/08
Terças, quartas e quintas, das 11h às 20h
Sextas, das 14h às 20h
Sábados e domingos, das 11h às 14h
Performance teatral:
de 16/06 a 05/08
Sábados e domingos, 16h e 18h.
Entrada franca
Classificação: livre