Desde então, foram alguns sócios e muitas facetas: delicatessen, casa de chá, uisqueria e, hoje, um restaurante e choperia. Muitas coisas mudaram, menos o sucesso e a tradição do espaço.
— Em 100 anos, as portas nunca foram fechadas. É um século ininterrupto de trabalho. Por isso, a casa se tornou um ponto turístico da cidade. Houve adaptações às necessidades, mas aqui é um lugar onde muitos petropolitanos se conheceram, se casaram e trazem os filhos — afirma Helio Dias, sócio da casa há 15 anos; ao lado de João Serrat, que está há 30 à frente da casa.
Hoje em dia, porém, o restaurante é administrado por Bernardo Vieira, filho de Helio; e Thiago Carneiro, neto de Serrat. E eles são os responsáveis por algumas mudanças na casa.
— Eu e minhas irmãs crescemos correndo por aqui. Faz parte das nossas vidas. Entretanto, é preciso entender o que o público deseja. Há seis anos, a confeitaria foi perdendo espaço, e o chope assumiu a dianteira. Então, investimos nisso. Buscamos oferecer agora o melhor chope. Mas temos até hoje o chá completo, ente outras coisas — afirma Bernardo, de 30 anos.
A entrada de Helio para a sociedade da casa, segundo ele, foi uma extensão da sua primeira função por lá, a de frequentador assíduo.
— Desde que pude beber comecei a frequentar a D’Angelo. Há 40 anos aqui, é parte da minha casa. Tinha até uma caneca especial para mim. Quando surgiu a oportunidade de ser sócio, eu, que já atuava no comércio, não pestanejei. O sonho de qualquer frequentador daqui é ser dono — diz o petropolitano, de 60 anos, que bate ponto todo dia no restaurante, do qual é vizinho.
SEGREDO: TRADIÇÃO E QUALIDADE
Bater ponto na Casa D’Angelo não é um costume apenas de Helio. O que não faltam ao estabelecimento são clientes antigos e fiéis. Porém, até mesmo eles têm dois dias que não podem tomar um chope por lá. Os dias 25 de dezembro e 1º de janeiro são os únicos do ano em que o restaurante não abre.
— Descanso temos pouco. Ir para o outro lado do balcão dá trabalho — brinca Helio.
E se o público é fiel, os funcionários também fazem parte da tradição da casa. Rotatividade não está no dicionário da choperia.
— Nosso funcionário menos antigo trabalha aqui há oito anos, mas temos alguns com quase 30 anos de casa. Eles representam tudo que somos, eles lidam com o público diretamente — afirma Helio.
E o mais antigo deles é Fabiano Bernardo. Há 27 anos na casa, ele conhece os frequentadores pelo nome e sabe do gosto de cada um.
— Comecei com 16 anos aqui. Já acompanho três gerações de clientes. O Bernardo, por exemplo, vi bem pequeno. O meu controle das contas não é com o número das mesas, mas sim com os nomes de cada um. Mesmo quando tô de folga, dou uma passadinha aqui para ver se está tudo bem — afirma Bernardo, de 44 anos.
Os profissionais devotados são um dos segredos do sucesso da casa. Mas Helio revela outros, para que a casa complete mais 100 anos.
— Qualidade, respeito e termos consciência da importância da Casa D’Angelo para a sociedade — enumera Helio.
Esta importância, por sinal, foi reconhecida em 1991. Naquele ano, o imóvel, em plena Rua do Imperador, no Centro Histórico de Petrópolis, foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac).
— Qualquer modificação arquitetônica que precisamos fazer tem que ser informada e aprovada pelo instituto. Mas é importante, sim, esse reconhecimento. Afinal, não há outro estabelecimento comercial, em atividade, aqui em Petrópolis que tenha 100 anos — orgulha-se Bernardo.
E se o imóvel é considerado um patrimônio da cidade, outro bem que muitos acreditam que deva ser igualmente preservado por lá são os famosos caramelos.
— Mas estamos há seis meses sem, porque a fábrica teve que parar de produzir por um tempo. Já veio gente de Roraima aqui atrás dele, e foi embora frustrada. Mas volta em janeiro — promete Helio.
Leia mais sobre esse assunto em oglobo.globo.com
Endereço
Rua do Imperador, - 700 - Centro - Petrópolis - RJ
Telefone
+55 24 2242-0888
Site
contato@casadangelo.com.br